terça-feira, 18 de agosto de 2009

“EROTÍSSIMA” será lançado na Bienal do Rio pela escritora CLEVANE PESSOA




"Erotíssima” é o nome do livro de Poemas da jornalista, escritora, psicóloga e poeta Clevane Pessoa de Araújo Lopes.
Clevane, neste livro, abre as comportas de um sutil erotismo, onde busca estar no limiar entre a sensualidade plena, sem ultrapassar limites que descambem para a pornografia. Isso não significa moralismos de qualquer espécie, apenas obedece à sua estilística.
Inicialmente, Clevane Pessoa mantinha o blog de mesmo nome (http://erotissima.blogspot.com/) e publicava em sites ou blogs outros, esse derrame essencialmente feminino. Ao entrevistar mulheres que escrevem poesia, com mais de 50 anos, observou que, quando mais jovens, elas temem liberar publicamente seus textos, em prosa ou versos. Essas entrevistas serão publicadas no livro-álbum POIETISA (o neologismo baseia-se na POIESIS grega), que foi aprovado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
Em EROTÍSSIMA, Clevane Pessoa usa a prosa e os versos - e faz ainda uma análise da nova liberdade amorosa experenciada, neste Terceiro Milênio, desde o advento da Internet.
A autora recebeu vários prêmios e classificações em certames literários, desde a juventude. Um deles, em 2001, o Primeiro Lugar de Contos Livres, no Algarve, em Portugal, Prêmio Ex-Aeqüo.
Possui quatro livros de poemas e um de contos (Mulheres da Sal, Água e Afins - Edit.Urbana, Rio de Janeiro/Libergráfica/BH ).
Possui 20 e-books, entre os quais, Nas Velas do Tempo, onde narra suas aventuras de repórter em plena ditadura.
Nos Anos 60, militou na imprensa de Juiz de Fora/MG e foi co-proprietária do tablóide Urgente, como editora de Arte e Literatura.
Transita livremente pelos gêneros literários. Gosta de escrever cordel, sonetos, haicais, poemas livres, crônicas, contos e assuntos de psicologia.
Sobre ela e sobre EROTÌSSIMA, assim se manifestaram alguns escritores:
“Sem gota alguma a instilar apelação e bem longe da vulgaridade, a obra literária descortina um lado do cenário, deixando à mostra uma insinuante partícula do gênero, onde o sutil toque das palavras, sublimando a arte, se despe e revela os segredos da Poesia e da Poetisa, no Universo erótico feminino.
Atenta e buscando não ultrapassar o limiar sutil entre o erotismo e a pornografia, em seu livro, Clevane Pessoa traduz as experiências pessoais e profissionais da Mulher Poeta, regadas a generosas doses de inspiração.” (Elizabeth Misciasci - Jornalista, Humanista, Escritora, Pesquisadora. Presidente do Projeto zaP! - Embaixadora Universal da Paz no âmbito do Círculo Universal dos Embaixadores da Paz. Cercle Universel Des Ambassadeurs De La Paix - Suisse / France - Membro Correspondente da Governadoria da InBrasci no Estado de São Paulo - Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais - Cônsul Cidade de São Paulo - Poetas del Mundo - Brasil.)
“ Clevane é literalmente Pessoa. Seu coração, quase sempre, bate descompassado, em busca do que de mais terno, agressivo, puro, miscigenado, diluído, poluído,romântico, rude, crédulo, niilista pode transmitir a poesia.
É difícil estabelecer uma temática que esta poeta não tenha ousado explorar. E ela passeia com desenvoltura pela Língua Portuguesa, indo desde o hermético, enigmático, que sugerimos que o leitor apenas sinta, como o faz diante de uma autêntica pintura abstrata, até a linguagem mais direta, popular, que todos entendem e onde todos nos identificamos.
Clevane Pessoa não é só poeta. Ela já foi jornalista, continua psicóloga, é cronista e contista. Escritora completa, é inevitável : quem conhece sua obra, apaixona-se perdidamente por ela.”
(Luiz Lyrio, Poeta, Escritor, Embaixador Universal da Paz (Cercle de Lês Ambassadeurs Universais de La Paix - Genebra, Suíça),
Membro de Poetas del Mundo e Representante do Movimento aBrace em Aracaju/SE).

MAIS SOBRE PESSOA E SOBRE EROTÍSSIMA
Escrito por uma nordestina que se “mineirizou” com o tempo, “Erotíssima” se destaca por ser uma obra gestada nas Minas Gerais habitada, ao mesmo tempo, por tradicionais defensores da “moral e dos bons costumes” e por mulheres batalhadoras que derrubaram tabus e ajudaram a gestar uma nova mineiridade, onde a sexualidade feminina, apesar dos freios machistas ainda vigentes, já pode se expressar sem ser simbolicamente (ou até literalmente) apedrejada.
“Erotíssima” é o primeiro livro com o selo Catitu - uma rede cultural mineira presidida pelo editor Marco Llobus. Na mesma data e local do lançamento de “Erotíssima”, a autora estará lançando “O SONO DAS FADAS”(**), um livro infantil onde aborda o delicado tema da perda de um ente querido.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes é Embaixadora Universal da Paz no âmbito do Círculo Universal dos Embaixadores da Paz. - Cercle Universel Des Ambassadeurs De La Paix - Suisse/ France; Diretora do InBrasCI - Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais; Pesquisadora do MUNAP - Museu Nacional da Poesia; vice-presidente do IMEL - Instituto imersão latina – BH/MG; Membro da SPVA/RN – Sociedade dos Poetas Vivos do RN; Consulesa ZC do Movimento Poetas Del Mundo Belo Horizonte – MG; Representante aBrace - Movimento Cultural ABrace em B.H. – MG.

(*) “EROTÍSSIMA” será lançado na Bienal do Rio, dia 12 de setembro, às 13h e 30m, na Oficina Editores.
(**) O SONO DAS FADAS será lançado às 10 horas, do dia 12 de setembro, na parte da manhã, na BIENAL ddo LIVRO no Rio de Janeiro (Av.Salvador Allende 6555-Barra da Tijuc Informações sobre a autora e sobre EROTÍSSIMA:Tel (31) 3471-1646Cel (31) 9939-1646 Belo Horizonte, MG

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

vira lata


VIRA LATA


Pessoas desmedidamente
arrogantes e infladas
têm o poder de fazer
com que eu me sinta
um reles cachorro vira-lata.
Quando isso acontece,
não dou a elas
o gostinho da vitória.
Apenas me deito,
enrosco-me todinho
e fico na minha,
com um olhar submisso,
porém digno.
E se uma delas passa
e sorri para mim,
apenas abano o rabo,
exibo um sorriso dissimulado
e armo o bote para a mordida...

Luiz Lyrio

domingo, 9 de agosto de 2009

SOBRE A LIBERDADE AINDA QUE TAM TAM

18 de maio. Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Após cortar o cabelo no Salão Máximo, no edifício Maletta em Belo Horizonte, tento alcançar a outra margem da Avenida Augusto de Lima e tenho minha travessia bloqueada por uma grande marcha. É o desfile da Escola de Samba “Liberdade Ainda Que Tam Tam”.
Através do folheto que recebo de um dos desfilantes, fico sabendo que o desfile da Escola de Samba “Liberdade Ainda Que Tam Tam” se divide em seis alas: palavreadores de Minas, quando a forma delira, ala das crianças: o menino maluquinho, viver é muito arriscoso: carece de coragem, a loucura no horizonte: a conquista de um sonho, e Minas é gerais. Em sua totalidade, a manifestação fala de tudo. Fala de literatura, de artes plásticas, das crianças, dos movimentos sociais ligados à luta antimanicomial, da desconstrução do preconceito e dos serviços que propõem a inclusão da loucura no cotidiano das cidades, e da diversidade cultural de Minas e seu povo. É um espetáculo que impressiona, principalmente pela loucura visual com que se apresenta. Ali vejo desde aqueles que se esforçam para estar presentes também em espírito na manifestação (Noto, pelo olhar distante desses participantes, certa ausência do mundo em que vivemos.) até aqueles abnegados heróis que dedicam sua vida a cuidar com amor dos que sofrem com a insanidade. Crianças também chamam a minha atenção e, como não poderia faltar numa escola de Samba, cabrochas bonitas com pouca roupa também participam do evento. Se elas também eram dementes, caro leitor? Não sei. Não perguntei. Mas posso afirmar-lhe que deviam ser. Afinal, porque alguém não pode ser, ao mesmo tempo, louco e sensual?
Procuro entre os desfilantes algum conhecido. Sim, escandalizado leitor, um conhecido! Por que não um conhecido? Depois de trinta e seis anos de labuta em escolas públicas, muitos dos meus colegas perderam o rumo da razão. Não são poucos os que endoidaram com o barulho da fuzarca diária de crianças sem disciplina nem limites, colocadas às centenas por governantes e tecnocratas irresponsáveis dentro dessas máquinas de fazer doidos chamadas “escolas”. Mas não vi nenhum conhecido. Vi uma moça alegre e bonita com cara de professora, muito parecida com uma colega minha, mas que não podia ser minha antiga colega de trabalho, já que, hoje, a dita professora deve ter a minha idade e a moça, com certeza, não passava dos trinta.
Tive uma vontade danada de participar da passeata e só não o fiz por duas razões. A primeira é que estava com roupas muito sérias. Certamente destoaria no meio daquela multidão vestida de forma desarrazoada. Em segundo lugar, não vivo mais nos anos setenta. Naquela época sim, valia a pena ser maluco. Ser maluco era sinônimo de ser inteligente, questionador, vanguardista. Hoje não vale a pena ser doido. Hoje, quem não está de plenas posses das suas faculdades mentais é discriminado, colocado de lado e, se não ficar coelho, pode até perder o emprego e passar fome. Isto sem dizer que, ao menor sinal de insanidade mental, todos os amigos se afastam e esquecem num canto da vida o pobre infeliz que transpôs aquela porta que separa o mundo dos “normais” do mundo da loucura.
Após passar a passeata, fiquei me lembrando dos amigos que se perderam nos labirintos da insanidade mental e, um dia, de forma induzida ou por mero acidente de percurso, se foram desta vida. Lembrei-me do Demétrio. Foi com o pai dele que aprendi o termo “descompensou”, usado para noticiar a ida de alguém para o mundo da demência. “Ele descompensou”, noticiou-me entristecido o progenitor do meu companheiro dos idos de 68. Pois é. Alguns anos depois, ele se foi. Como tantos outros se foram prematuramente em conseqüência do cruel efeito retardado da tensão e da tortura de que foram vítimas nos anos de chumbo.
Fico feliz quando vejo o Brasil vivendo uma democracia, ao mesmo tempo em que a luta antimanicomial ganha as ruas e cresce cada vez mais. Fico feliz em ver desativados os terríveis manicômios onde pessoas doentes eram tratadas como lixo. Que bom que se aboliu a prática de eletrocutar o pobre portador de distúrbio mental! Apesar de, até hoje, manter-se o hábito de dopar e aplicar o conhecido “sossega-leão” nos pacientes em crise nas alas psiquiátricas dos hospitais, não se pode deixar de admitir que progredimos muito no tratamento dispensado aos nossos doentes mentais.
Temos, porém, que tomar muito cuidado. Toda bandeira de luta desperta radicalismos e interpretações equivocadas. Assim, muitos médicos têm devolvido para as suas famílias portadores de demências que acabam deixando de ser tratados. Muitas famílias abandonam seus entes queridos ao Deus dará, negando-lhes qualquer chance de cura ou de controle das doenças que portam. Morando em hotéis, já testemunhei muitas famílias “internarem” seus parentes, abandonando-os num quarto alugado. Já vi um caso de suicídio em que a família “internou’ seu paciente num hotel e ele se jogou para a morte pela janela do seu quarto. Também já fui amigo de uma poetisa paranóica que desenhava divinamente e que se queixava muito de ter sido abandonada pela família.
É muito triste a situação dos doentes mentais que, vítimas do preconceito secular que acomete os seres humanos ditos “lúcidos”, são abandonados por suas famílias e seus amigos. A solidão de um ser humano entre milhares de pessoas é o caminho mais curto para o agravamento da loucura. Por isso, a luta antimanicomial só será vitoriosa quando, desinibida, feliz e alegre como a Escola de Samba Liberdade Ainda Que Tam Tam, desfilar junto com a luta contra o isolamento a que as sociedades humanas, desde a Antiguidade, condenam seus portadores de insanidade mental.

Prêmio Destaque no IV Concurso Rubem Braga de Crônicas promovido pela Academia Cachoeirense de Letras (Cachoeiro de Itapemirim – ES)

domingo, 2 de agosto de 2009

Muito tarde

Muito tarde...
Clevane Pessoa

Como responder ao olhar faminto

do anjo sujo que pede esmolas tão naturalmente ,

habituado à menos-valia?

Como não pensar no olhar de animal ferido

quando escorraçado, qual se fosse sarnento,

portador de vírus letal?

Como conseguir dormir

depois de ver o anjinho escorraçado

ser torturado por um menino maior

somente por não ter logrado

conseguir a esmola pelo que nem o olhou ao ter passado?

Como não adivinhar as asas transparentes

nas omoplatas aparentes

das carnes magras e sujas?...

Às vezes, só depois de ter negado

uma ajuda necessária, por medo,

por negar-se a colaborar com os aliciadores de menores

ou os pais desnaturados,

é que se pode compreender

que o Amor não foi exercitado,

pois devemos amar, 'apesar de' e' não porque!'

A lágrima às vezes teima em molhar

o travesseiro de quem dorme

em lençóis de linho ou seda...

O olhar da criança nos persegue

o sono e um grito sem tamanho,

sufocado na garganta,

irrompe o espaço da madrugada...

Mas então, pode ser tarde:

o pequenino já foi surrado, seviciado ou maltratado

ou talvez tenha mesmo virado

um anjo de verdade ao ser atropelado assassinado...

E você não fez nada.

Nem eles...

Eu também não...

(*)Esse poema foi publicado em alguns websites e antologias, inclusive faz parte da antologia SONATA POÉTICA, da Anomelivros, em Belo Horizonte, que mereceu um prêmio da Academia Feminina Mineira de Letras, segundo fui informada.