segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Outros autores

No dia 14 de maio, às 19 horas, no auditório do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo (Rua Genebra, 25, próximo à Câmara Municipal de São Paulo), ocorrerá o lançamento do Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé”. A nova entidade, que reúne em seu conselho jornalistas progressistas e lutadores sociais, tem como objetivos principais contribuir na luta pela democratização da comunicação, fortalecer a mídia alternativa e comunitária, promover estudos sobre a estratégica frente midiática e investir na formação dos novos comunicadores.






Uma justa homenagem




O nome “Barão de Itararé” é uma justa homenagem ao jornalista Aparício Torelli (1895-1971), considerado um dos criadores da imprensa alternativa no país e o “pai do humorismo brasileiro”, segundo a biografia elaborada pelo filósofo Leandro Konder. Criador dos jornais “A Manha” e “Almanhaque”, ele ironizou as elites, criticou a exploração e enfrentou os governos autoritários. Preso várias vezes, nunca perdeu o seu humor. Itararé é o nome da batalha que não houve entre a oligarquia cafeeira e as forças vitoriosas da Revolução de 1930.


Frasista genial, ele cunhou várias pérolas. Cansado de apanhar da polícia secreta do Estado Novo, colocou na porta do seu escritório uma placa com a hoje famosa frase “entre sem bater”. Político sagaz, ele percebeu a guinada nacionalista de Getúlio Vargas e respondeu aos críticos udenistas: “Não é triste mudar de idéias; triste é não ter idéias para mudar”. Militante do Partido Comunista do Brasil (PCB), Apparício foi eleito vereador pelo Rio de Janeiro em 1946 com o lema “mais leite, mais água e menos água no leite” – denunciando fraudes da indústria leiteira.




Crítico ácido dos jornais golpistas




Seu mandato foi combativo e irreverente. Segundo o então senador Luiz Carlos Prestes, “o Barão não só fez a Câmara rir, como as lavadeiras e os trabalhadores. As favelas suspendiam as novelas para ouvir as sessões que eram transmitidas pela rádio”. Teve o seu mandato cassado juntamente com a cassação do registro do PCB, em 1947, e declarou solenemente: “Saio da vida pública para entrar na privada”. Seu jornal, A Manha, foi novamente empastelado e, com dificuldades financeiras, ele escreveu: “Devo tanto que, se eu chamar alguém de ‘meu bem’, o banco toma”. Passou a colaborar com o jornal getulista A Última Hora e lançou ainda mais dois Almanhaque.

Diante da grave crise política que resultou no suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, afirmou: “Há qualquer coisa no ar, além dos aviões de carreira”. Barão de Itararé denunciou as manipulações da imprensa, foi um crítico ácido dos jornais golpistas de Assis Chateaubriand e Carlos Lacerda e um entusiasta do jornalismo alternativo. Após o golpe militar de 1964, ele passou por inúmeras privações. Faleceu em 27 de novembro de 1971. Em sua lápide poderia estar inscrita uma de suas frases prediletas. “Nunca desista de seu sonho. Se acabou numa padaria, procure em outra”.




Entidade ampla e plural


A criação da nova entidade, que atuará em parceria com várias outras que já priorizam a luta pela democratização da comunicação, empolgou jornalistas e lutadores sociais. Entre outros, integram seu conselho os jornalistas Luis Nassif, Leandro Fortes, Luiz Carlos Azenha, Maria Inês Nassif, Rodrigo Vianna, Beto Almeida, Gilberto Maringoni; os professores Venício A. de Lima, Marcos Dantas, Dênis de Moraes, Laurindo Lalo Leal Filho, Gilson Caroni, Igor Fuser, Sérgio Amadeu.

Visando fortalecer a mídia alternativa já existente, também participam os responsáveis de vários veículos progressistas – Breno Altman (Opera Mundi), Carlos Lopes (Hora do Povo), Ermanno Allegri (Adital), Wagner Nabuco (Caros Amigos), Joaquim Palhares (Carta Maior), Eduardo Guimarães (Cidadania), Renato Rovai (Fórum), Nilton Viana (Brasil de Fato), Paulo Salvador (Revista do Brasil), Oswaldo Colibri (Rádio Brasil Atual), José Reinaldo Carvalho (Vermelho).

O conselho reúne ainda lideranças dos movimentos sociais, dirigentes de entidades vinculadas à comunicação pública e comunitária – Edivaldo Farias (Abccom), Regina Lima (Abepec), José Sóter (Abraço), Orlando Guilhon (Arpub) – e integrantes de instituições engajadas na luta pela democratização da mídia – João Brant (Intervozes), João Franzin (Agência Sindical), Sérgio Gomes (Oboré), Vito Giannotti (NPC), Rita Freire (Ciranda).

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Mundo Desigual - Por Planeta Voluntários


"O maior assassino do mundo e a maior causa de doenças e sofrimento ao redor do golfo é… a extrema pobreza."


Desigualdade Social
21 países retrocederam em seu Índice de Desenvolvimento Humano, contra apenas 4 na década anterior. Em 54 países a renda per capita é mais baixa do que em 1990. Em 34 países a expectativa de vida ao nascer diminuiu, em 21 há mais gente passando fome e em 14 há mais crianças morrendo antes dos cinco anos;
No Brasil, 10% brasileiros mais pobres recebem 0,9% da renda do país, enquanto os 10% mais ricos ficam com 47,2%. Segundo a Unicef, 6 milhões de crianças (10% do total) estão em condições de “severa degradação das condições humanas básicas, incluindo alimentação, água limpa, condições sanitárias, saúde, habitação, educação e informação”.
A pesquisa ainda mostra que 15% das crianças brasileiras vivem sem condições sanitárias básicas. As áreas rurais do Brasil concentram a maioria das crianças carentes, com 27,5% delas vivendo em “absoluta pobreza”.
Segundo a OIT, os dados de trabalhadores domésticos infantis é espantoso: no Peru, 110 mil; no Paraguai, 40 mil; na Colômbia, 64 mil; na República Dominicana, 170 mil; apenas na Guatemala, 40 mil; no Haiti, 200 mil; e no Brasil – o campeão de trabalho doméstico na América Latina e talvez no mundo – 500 mil.
. Com 53,9 milhões de pobres, o equivalente a 31,7% da população, o Brasil aparece em penúltimo lugar em termos de distribuição de renda numa lista de 130 países. É o que mostra estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, divulga hoje em Brasília.
Das 55 milhões de crianças de 10 a 15 anos no Brasil, 40% estão desnutridas. 1,5 milhão entre 7 e 14 anos está fora da escola. A cada ano, 2,8 milhões de crianças abandonam o ensino fundamental. Das que concluem a 4ª série, 52% não sabem ler nem escrever.
Mais de 27 milhões de crianças vivem abaixo da linha da pobreza no Brasil, e fazem parte de famílias que têm renda mensal de até meio salário mínimo. Aproximadamente 33,5% de brasileiros vivem nessas condições econômicas no país, e destes, 45% são crianças que têm três vezes mais possibilidade de morrer antes dos cinco anos.
A cada 12 minutos, uma pessoa é assassinada no Brasil. Por ano, são registrados 45 mil homicídios no País. No entanto, a probabilidade de um assassino ser condenado e cumprir pena até o fim no Brasil é de apenas 1%.
O Brasil é, segundo a ONU, o país onde mais se mata com armas de fogo. Todos os anos são mortos 40 mil brasileiros;
1,9% do PIB brasileiro é consumido no tratamento de vítimas da violência;
A Aids já deixou mais de 11 milhões de órfãos na África; o devastador avanço desta doença fará com que, em 2010, pelo menos 40 milhões de menores em todo o continente tenham perdido pelo menos um de seus pais, segundo a UNICEF. A cada minuto, uma criança morre de AIDS.
Mais de 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável no planeta, segundo dados da ONU. Outros 2.4 bilhões não têm saneamento básico. A combinação do dois índices é apontada com a causa de pelo menos 3 milhões de mortes todo ano. Um europeu consome em média entre 300 e 400 litros diariamente, um americano mais de 600 litros, enquanto um africano tem acesso a 20 ou 30 litros diários.
Um em cada seis habitantes da Terra não tem água potável para beber e dois em cada cinco não dispõem de acesso a saneamento básico.
Até 2050, quando 9,3 bilhões de pessoas devem habitar a Terra, entre 2 bilhões e 7 bilhões de pessoas não terão acesso à água de qualidade.
A fome no mundo, depois de recuar na primeira metade dos anos 90, voltou a crescer e já atinge cerca de 850 milhões de pessoas. A cada ano, entram nesse grupo mais 5 milhões de famintos.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que 160 mil pessoas estão morrendo por causa do aquecimento global, número que poderia dobrar até 2020 - contabilizando-se catástrofes naturais e doenças relacionadas a elas.
Além da morte, a desnutrição crônica também provoca a diminuição da visão, a apatia, a atrofia do crescimento e aumenta consideravelmente a susceptibilidade às doenças. As pessoas que sofrem de desnutrição grave ficam incapacitadas de funções até mesmo a um nível mais básico.
Muitas vezes, são necessários apenas alguns recursos simples para que os povos empobrecidos tenham capacidade de produzir alimentos de modo a se tornarem auto-suficientes. Estes recursos incluem sementes de boa qualidade, ferramentas adequadas e o acesso a água. Pequenas melhorias nas técnicas de cultivo e nos métodos de armazenamento de alimentos também são úteis..
Muitos peritos nas questões da fome acreditam que, fundamentalmente, a melhor maneira de reduzir a fome é através da educação. As pessoas instruídas têm uma maior capacidade para sair deste ciclo de pobreza que provoca a fome.
Fontes: Documentos internacionais, principalmente da ONU, UNICEF, OMS, FAO e UNAIDS.


Por: Marcio Demari / Diretor Presidente do Planeta Voluntários - Brasil

domingo, 29 de novembro de 2009

Eleições 2010 - Homenagem Póstuma


Faleceu o poeta e jornalista mineiro Alécio Cunha (40 anos). Ele era repórter e colunista do jornal Hoje em Dia, e estava internado desde 6 de outubro em função de um AVC, no Hospital Vila da Serra.Alécio era casado com a jornalista Márcia Queiroz e tinha um filho de 8 anos.

Alécio, entre outras qualidades, era uma pessoa extremamente acessível e aberta aos novos escritores e poetas de BH, onde trabalhava como jornalista. Todos que o procuraram e que mostraram a ele seu trabalho, contaram com seu respaldo, principalmente nas páginas do caderno de Cultura do jornal “Hoje em Dia”. Em agosto de 2008, escrevi a carta abaixo, que foi reproduzida na seção do leitor do “Hoje em Dia”:

"Todo mundo que batalha em alguma área da cultura em Minas Gerais tem uma grande dificuldade em dar visibilidade ao seu trabalho. Talentosos atores, teatrólogos, compositores, cantores, escritores e poetas, há anos, trabalham e carregam consigo a terrível impressão de que são invisíveis. É incrível como aqui tem gente produzindo coisas boas e sendo simplesmente ignorada.
Infelizmente, os jornalistas que cobrem a área cultural nas Minas Gerais ainda carregam em si uma mentalidade de colonizados e privilegiam, nas páginas de seus jornais, apenas aquilo que vem das metrópoles alienígenas, leia-se da Europa e dos EUA, e o que vem das metrópoles da cultura nacional, para ser mais específico, do Rio e de São Paulo.
A única e honrosa exceção a esta regra tem sido o jornal HOJE EM DIA. Diferente do que vemos em outros órgãos de imprensa, o CADERNO DE CULTURA deste jornal, principalmente através das reportagens do escritor ALÉCIO CUNHA, tem dedicado amplo espaço aos artistas e escritores independentes de Minas Gerais. Chega a ser comovente para muitos de nós, ver enfim reconhecido, com o espaço e o destaque que merece num grande jornal, o trabalho de muita gente talentosa que vem travando, há anos, uma luta inglória contra a invisibilidade. Como exemplos, poderia citar o destaque dado recentemente ao poeta Rogério Salgado e ao Belô Poético e a excelente divulgação dada ao meu livro, NOS IDOS DE 68, que, sem dúvida alguma, deverá parte do sucesso que espero que faça a este jornal.”

Tive a honra também de ter meu livro NOS IDOS DE 68 prefaciado pelo inesquecível poeta. Ninguém que não viveu 68 escreveu sobre a época com tanta propriedade e ternura:
“O ANO QUE NOS AQUECE

Alécio Cunha

Em 1968, nem sonhava em vir ao mundo. Naquele ano de profundas transformações no plano político e comportamental, meus pais se radicalizaram à sua maneira, casando como mandava o figurino numa cidadezinha do Sul de Minas. Nasceria só em junho de 1969, mas o ano anterior, aquele que se recusou a terminar, não deixando, de jeito algum, a presença forte do ponto final entrar em cena, para mim, sempre foi uma ampla reticência.
O ano de 1968 me persegue de forma indireta. Como jornalista, pude repercutir, em série de reportagens publicadas no HOJE EM DIA, veículo da capital mineira onde trabalho desde 1995, os ecos daquele ano especial em, pelo menos, duas oportunidades: 1998 e 2008. Tanto nos 30 quanto nos 40 anos da efervescência do maio de 68, produzi reportagens que tentaram, guardadas as frágeis proporções e limites do espaço jornalístico, entender um pouco mais o que foi aquilo tudo. E, justamente numa dessas apurações, quando resolvi, detetivescamente, descobri quem eram os jovens idealistas que participavam de uma passeata em plena Avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte, em 1968, deparei-me com a figura emblemática do professor, escritor e, para sempre, militante, Luiz Lyrio.
Do poeta, já conhecia explosões vitais de versos pulsantes em edições quase clandestinas, que não chegaram a ser conhecidas, para infelicidade dos leitores, de um público mais amplo. Da prosa do ativista, porque me recuso a usar o “ex”. Sei que uma vez guerreiro, o ser humano não tem como abandonar a utopia e o senso crítico. Torna-se escravo desta maneira diferente de contemplar o mundo. É uma pena, mas dá uma ponta de enorme tristeza quando vislumbro o horizonte ideológico vazio da grande maioria dos jovens de hoje. Refém do consumo, do ego e de doses cavalares de individualismo (o maior inimigo interno do homem), a sociedade contemporânea destila e desfila desesperança.
É para estes jovens que Lyrio parece ter escrito este relato comovente e sincero. O uso narrativo da primeira pessoa em Nos idos de 68 nada tem de confissão ególatra ou imposição de uma única e linear forma de pensar. Pelo contrário, o ideário de Lyrio é plural e complexo. Em alguns instantes de seu recuo no tempo, tem-se a impressão de que, mais do que um acerto de contas com fantasmas pretéritos, o que permanece ali é um convite à reflexão. Erros e acertos, desajustes e contradições, amor e ódio, pares-ímpares nem sempre suplementares, dão as caras em cada capítulo. Sem medo, plurido ou pudor. A dor dos que foram massacrados pelos anos sórdidos da ditadura militar não tem preço. A grande vantagem de relatos como o de Luiz Lyrio é a possibilidade das gerações mais novas conhecerem, de fato, o que aconteceu ali. Nenhum compêndio histórico, filme ou livro didático substituem a força da experiência. Quem viveu 68 – o ano que nos aquece – e sua sina sabe disso. E quem não viveu está prestes a descobrir um novo mundo.”

Alécio Cunha, autor dos livros Lirica Caduca e Mínima Memória (ambos de poesia) e Mário Mariano (ensaio de crítica de arte), nunca será esquecido. Pelo menos, enquanto existir um único ser humano que valorize a literatura e a cultura em nosso planeta.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Atenção Pela Paz






Atenção pela Paz

Plantemos, amigos, a semente da paz em nossos corações. O universo não é bandido, somos nós que cruzamos os braços e lavamos nossas mãos. Devemos lembrar sempre, não somos Pilatos, é nosso dever cuidarmos da terra e dos nossos irmãos. Muito ainda temos que recuperar, nem tudo foi perdido. Nosso bom senso e amor devem ter um grito mais alto e ecoante que o grito dos maus. Somos os predestinados a salvar o mundo em que vivemos. Salvar de nós mesmos, pois não existe outro inimigo!...
O nosso poder é maior que a nossa percepção. Não podemos continuar a destruir nossas famílias, nossos lares. Não podemos nos esquecer que acima de nós há um Deus que, apesar dos nossos defeitos, ainda nos ama. Devemos honrar esse amor e confiança. É triste vermos nossas crianças adentrarem o universo das drogas e do crime. Mas porque elas fazem isto? A moral dos povos vem se degenerando cada vez mais. Somos nós, os componentes desta sociedade, os responsáveis pela falta de amor, fé e perspectiva de vida. Falo nós somente até o ponto em que continuarmos de braços cruzados e de mãos lavadas. A partir daí, se ultrapassarmos este estágio, apesar de sermos a minoria, seremos seres capazes de edificar um mundo honesto, de amor e de paz!... Nós, artistas e escritores, temos como ferramentas nosso pincel e pena. Investir na cultura é investir na certeza de que amanhã teremos filhos melhores habitando e zelando pelos mais variados espaços desta casa chamada Natureza. Filhos com identidades próprias. Devemos desconsiderar qualquer barreira que venha dificultar a nossa união e trabalho. Devemos nos transformar numa família de fato e, lembrarmos sempre de recuperar o tempo perdido.

- Carlos Conrado – Embaixador da Paz do Cercle Universal dos Ambassadeurs De La Paix – Suisse / France.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Decreto-Lei


DECRETO-LEI DE 12 DE OUTUBRO DE 2009
A partir de hoje, proíbo terminantemente minha filha caçula de, no dia 12 de outubro de qualquer ano vindouro, deixar de ser criança. Sei que tal proibição é um pouco tardia, já que a mocinha já completou, no ano passado, vinte e cinco aninhos. Mas não tenho alternativa senão proibi-la de adultecer pelo menos uma vez por ano, já que meus três filhos, preocupados em tocar suas vidinhas sem maiores percalços, até o momento não me deram netos. E acho que eles têm razão. O mundo, lentamente, está evoluindo para o despovoamento. Nossas avós tinham vinte ou mais filhos. Nossos pais reduziram para quatro ou seis. Nós optamos por um ou dois. E nossos filhos, apavorados com a responsabilidade de colocar neste mundo cada vez mais louco e selvagem um único ser humano, preferem não contribuir para o povoamento do planeta.
É muito triste passar um dia das crianças sem ter nenhuma delas com quem brincar. É tão bom brincar! Brincar de jogar bola, brincar com o carrinho de controle remoto, com o joguinho de videogame... Melhor do que brincar sozinho é ter uma criança com quem brincar. Aí a gente pode brincar desavergonhadamente, já que temos a oportuna desculpa que estamos ali educando e ajudando um pequenino a se divertir. Se brincamos com o neto, estamos nos entrosando com ele, ao passo que se alguém nos pega brincando sozinhos, logo sugere que estamos ficando caducos.
Nesses tempos de pedófilos escancarados, brincar com crianças dos outros, com as quais não temos laços de parentesco, tornou-se algo perigoso. Não viram o italiano que foi preso por beijar a filha? Imaginem se a menina não fosse filha dele! Ele poderia até ter sido linchado. O pobre não sabe o risco que correu...
Também não quero sobrinhos netos para presentear no Dia 12 de outubro. Como o jovem casadoiro que fui, não mereço, no fim da vida, ter que dar uma de “tio” no Dia das crianças. Por isso, filha, só me resta você. Ainda está em tempo de você virar criança uma vez por ano. Vinte e cinco aninhos são apenas o começo da vida. E, para recomeçar sua nova infância, vamos fazer o seguinte: todo dia 12 de outubro, eu depositarei uma grana na sua conta e você vai me prometer que vai gastá-la toda com coisas de criança. Claro que você ainda gosta de coisas de criança! Todo mundo gosta! Umas pessoas gostam de ursinhos de pelúcia, outros marmanjos gostam de miniaturas de carros de corrida, alguns adultos amam soltar pipas. Portanto, você também ainda deve ter alguns gostos de criança. Sugiro que comece indo a uma locadora de vídeo e alugando alguns desenhos animados. Ainda ontem, assisti “A Era do Gelo 3” e “Monstros VS Alienígenas”. Eu recomendo. São ótimos! Depois vá a uma loja e compre um Ken novo. Lembra do Ken, o namorado da Barbie, que você tinha? Pois é. Lembra quando você me dizia que ele era o Ken e eu perguntava: “Ele é quem?”. E você respondia risonha e impaciente (só as crianças conseguem responder risonhas e impacientes perguntas cretinas...): “O Ken!” E eu perguntava: “Quem?”. Pois é, filha. O tempo voa, não é?
Mas eu não quero saber se o tempo voa ou não! Está decretado e você tem que me obedecer! Não estou pedindo muito. Você precisa ser criança só no dia 12 de outubro. Nos outros dias do ano, permitirei que você volte a adultecer. Mas é preciso que fique bem claro que só darei tal permissão se me prometer que, em todos os dias 12 de outubro do resto da minha vida, você voltará a ser a minha criança...

Luiz Lyrio

domingo, 11 de outubro de 2009

Posse na ALTO

CLEVANE PESSOA E LUIZ LYRIO TOMAM POSSE
COMO MEMBROS CORRESPONDENTES DA ALTO
Em cerimônia com toda a pompa e circunstância, mas onde não faltaram calor humano e simplicidade, Clevane Pessoa e Luiz Lyrio tomaram posse como Membros Correspondentes da Academia de Letras de Teófilo Otoni. A Reunião Especial de Posse aconteceu no dia 25 de outubro na Plenária da Câmara Municipal. Personalidades importantes compareceram ao evento, que também contou com a presença e a brilhante participação da juventude estudantil da cidade. Estão de parabéns a Diretoria da ALTO e todos que prestigiam a literatura em Teófilo Otoni!

Clevane Pessoa discursa na Reunião Especial de Posse.
Luiz Lyrio recebe da Presidente Amenaide Bandeira Rodrigues seu Diploma de Membro Correspondente da ALTO.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Premiação da Arcádia

Luiz Lyrio recebe o diploma de Árcade Honorário.
Marcos Cabral fala sobre a Colméia Literária e sobre o trabalho incessante de sua mãe em prol da literatura.

Casa cheia na cerimônia de premiação da Arcádia no Espaço Semear.


Na foto, Luiz Lyrio, sua irmã Maria Helena Lyrio, o cônsul de poetas del mundo em Aracaju, Carlos Conrado e a presidente da Arcádia Literária Talita Emily Fontes da Silva



Na festa da Arcádia, estiveram presentes Marcos Cabral, do site colmeialiteraria.com.br, a escritora Maria Cristinha Landhal e o escritor Luiz Lyrio.


Grande festa literária marca a cerimônia de premiação do XIII Concurso de Poesias da Arcádia em Aracaju


No dia 15 de Setembro de 2009, no auditório da Sociedade Semear, em Aracaju/SE, ocorreu a cerimônia de premiação do Concurso de Poesias da Arcádia Literária. Na ocasião, eu, que tive a honra de participar do evento na condição de jurado da fase regional, fui agraciado com o diploma de membro honorário da Arcádia. Por tudo que testemunhei, posso dizer que a Arcádia contribui de forma efetiva para o fortalecimento da literatura no país. São movimentos e instituições como a Arcádia que nos incentivam a continuar na luta por um Brasil melhor e mais literário. Além da entrega da premiação aos dez primeiros colocados e o Sarau poético com os 5 primeiros colocados da categoria regional e os três primeiros da categoria nacional, todos poemas de excelente qualidade, o Cerimonial também incluiu homenagens, peça teatral e a presença da Banda KINGDOM.
Luiz Lyrio
1° lugar Concurso de Poesias da Arcádia Literária (Categoria Regional)
Cubículo
Ah!Bobo o ser humano
Que não se deixa sentir plenamente
Que se contém, que se sufoca
Que se poda, que se mente
Que tudo quer entender
Que tudo quer definir
E tudo quer conceituar
Abrir o próprio cérebro
Esmiuçar as entranhas
Analisar o coração
Pois, da emoção eu lhe digo:
Que não se analisa, se deixa
Que não se entende, se sente
Eis que a queixa é puro instrumento de castração
E para quem se apaixona
O pior medo é não agarrar a oportunidade
E para quem ama
O verdadeiro pecado é o de desperdiçar a felicidade
Lorena Ribeiro
Aracaju- Sergipe

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Exposição - Biblioteca Pública Municipal - BH - MG


Exposição ASPECTOS URBANOS
8 a 30/9/2009
Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte










terça-feira, 18 de agosto de 2009

“EROTÍSSIMA” será lançado na Bienal do Rio pela escritora CLEVANE PESSOA




"Erotíssima” é o nome do livro de Poemas da jornalista, escritora, psicóloga e poeta Clevane Pessoa de Araújo Lopes.
Clevane, neste livro, abre as comportas de um sutil erotismo, onde busca estar no limiar entre a sensualidade plena, sem ultrapassar limites que descambem para a pornografia. Isso não significa moralismos de qualquer espécie, apenas obedece à sua estilística.
Inicialmente, Clevane Pessoa mantinha o blog de mesmo nome (http://erotissima.blogspot.com/) e publicava em sites ou blogs outros, esse derrame essencialmente feminino. Ao entrevistar mulheres que escrevem poesia, com mais de 50 anos, observou que, quando mais jovens, elas temem liberar publicamente seus textos, em prosa ou versos. Essas entrevistas serão publicadas no livro-álbum POIETISA (o neologismo baseia-se na POIESIS grega), que foi aprovado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
Em EROTÍSSIMA, Clevane Pessoa usa a prosa e os versos - e faz ainda uma análise da nova liberdade amorosa experenciada, neste Terceiro Milênio, desde o advento da Internet.
A autora recebeu vários prêmios e classificações em certames literários, desde a juventude. Um deles, em 2001, o Primeiro Lugar de Contos Livres, no Algarve, em Portugal, Prêmio Ex-Aeqüo.
Possui quatro livros de poemas e um de contos (Mulheres da Sal, Água e Afins - Edit.Urbana, Rio de Janeiro/Libergráfica/BH ).
Possui 20 e-books, entre os quais, Nas Velas do Tempo, onde narra suas aventuras de repórter em plena ditadura.
Nos Anos 60, militou na imprensa de Juiz de Fora/MG e foi co-proprietária do tablóide Urgente, como editora de Arte e Literatura.
Transita livremente pelos gêneros literários. Gosta de escrever cordel, sonetos, haicais, poemas livres, crônicas, contos e assuntos de psicologia.
Sobre ela e sobre EROTÌSSIMA, assim se manifestaram alguns escritores:
“Sem gota alguma a instilar apelação e bem longe da vulgaridade, a obra literária descortina um lado do cenário, deixando à mostra uma insinuante partícula do gênero, onde o sutil toque das palavras, sublimando a arte, se despe e revela os segredos da Poesia e da Poetisa, no Universo erótico feminino.
Atenta e buscando não ultrapassar o limiar sutil entre o erotismo e a pornografia, em seu livro, Clevane Pessoa traduz as experiências pessoais e profissionais da Mulher Poeta, regadas a generosas doses de inspiração.” (Elizabeth Misciasci - Jornalista, Humanista, Escritora, Pesquisadora. Presidente do Projeto zaP! - Embaixadora Universal da Paz no âmbito do Círculo Universal dos Embaixadores da Paz. Cercle Universel Des Ambassadeurs De La Paix - Suisse / France - Membro Correspondente da Governadoria da InBrasci no Estado de São Paulo - Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais - Cônsul Cidade de São Paulo - Poetas del Mundo - Brasil.)
“ Clevane é literalmente Pessoa. Seu coração, quase sempre, bate descompassado, em busca do que de mais terno, agressivo, puro, miscigenado, diluído, poluído,romântico, rude, crédulo, niilista pode transmitir a poesia.
É difícil estabelecer uma temática que esta poeta não tenha ousado explorar. E ela passeia com desenvoltura pela Língua Portuguesa, indo desde o hermético, enigmático, que sugerimos que o leitor apenas sinta, como o faz diante de uma autêntica pintura abstrata, até a linguagem mais direta, popular, que todos entendem e onde todos nos identificamos.
Clevane Pessoa não é só poeta. Ela já foi jornalista, continua psicóloga, é cronista e contista. Escritora completa, é inevitável : quem conhece sua obra, apaixona-se perdidamente por ela.”
(Luiz Lyrio, Poeta, Escritor, Embaixador Universal da Paz (Cercle de Lês Ambassadeurs Universais de La Paix - Genebra, Suíça),
Membro de Poetas del Mundo e Representante do Movimento aBrace em Aracaju/SE).

MAIS SOBRE PESSOA E SOBRE EROTÍSSIMA
Escrito por uma nordestina que se “mineirizou” com o tempo, “Erotíssima” se destaca por ser uma obra gestada nas Minas Gerais habitada, ao mesmo tempo, por tradicionais defensores da “moral e dos bons costumes” e por mulheres batalhadoras que derrubaram tabus e ajudaram a gestar uma nova mineiridade, onde a sexualidade feminina, apesar dos freios machistas ainda vigentes, já pode se expressar sem ser simbolicamente (ou até literalmente) apedrejada.
“Erotíssima” é o primeiro livro com o selo Catitu - uma rede cultural mineira presidida pelo editor Marco Llobus. Na mesma data e local do lançamento de “Erotíssima”, a autora estará lançando “O SONO DAS FADAS”(**), um livro infantil onde aborda o delicado tema da perda de um ente querido.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes é Embaixadora Universal da Paz no âmbito do Círculo Universal dos Embaixadores da Paz. - Cercle Universel Des Ambassadeurs De La Paix - Suisse/ France; Diretora do InBrasCI - Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais; Pesquisadora do MUNAP - Museu Nacional da Poesia; vice-presidente do IMEL - Instituto imersão latina – BH/MG; Membro da SPVA/RN – Sociedade dos Poetas Vivos do RN; Consulesa ZC do Movimento Poetas Del Mundo Belo Horizonte – MG; Representante aBrace - Movimento Cultural ABrace em B.H. – MG.

(*) “EROTÍSSIMA” será lançado na Bienal do Rio, dia 12 de setembro, às 13h e 30m, na Oficina Editores.
(**) O SONO DAS FADAS será lançado às 10 horas, do dia 12 de setembro, na parte da manhã, na BIENAL ddo LIVRO no Rio de Janeiro (Av.Salvador Allende 6555-Barra da Tijuc Informações sobre a autora e sobre EROTÍSSIMA:Tel (31) 3471-1646Cel (31) 9939-1646 Belo Horizonte, MG

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

vira lata


VIRA LATA


Pessoas desmedidamente
arrogantes e infladas
têm o poder de fazer
com que eu me sinta
um reles cachorro vira-lata.
Quando isso acontece,
não dou a elas
o gostinho da vitória.
Apenas me deito,
enrosco-me todinho
e fico na minha,
com um olhar submisso,
porém digno.
E se uma delas passa
e sorri para mim,
apenas abano o rabo,
exibo um sorriso dissimulado
e armo o bote para a mordida...

Luiz Lyrio

domingo, 9 de agosto de 2009

SOBRE A LIBERDADE AINDA QUE TAM TAM

18 de maio. Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Após cortar o cabelo no Salão Máximo, no edifício Maletta em Belo Horizonte, tento alcançar a outra margem da Avenida Augusto de Lima e tenho minha travessia bloqueada por uma grande marcha. É o desfile da Escola de Samba “Liberdade Ainda Que Tam Tam”.
Através do folheto que recebo de um dos desfilantes, fico sabendo que o desfile da Escola de Samba “Liberdade Ainda Que Tam Tam” se divide em seis alas: palavreadores de Minas, quando a forma delira, ala das crianças: o menino maluquinho, viver é muito arriscoso: carece de coragem, a loucura no horizonte: a conquista de um sonho, e Minas é gerais. Em sua totalidade, a manifestação fala de tudo. Fala de literatura, de artes plásticas, das crianças, dos movimentos sociais ligados à luta antimanicomial, da desconstrução do preconceito e dos serviços que propõem a inclusão da loucura no cotidiano das cidades, e da diversidade cultural de Minas e seu povo. É um espetáculo que impressiona, principalmente pela loucura visual com que se apresenta. Ali vejo desde aqueles que se esforçam para estar presentes também em espírito na manifestação (Noto, pelo olhar distante desses participantes, certa ausência do mundo em que vivemos.) até aqueles abnegados heróis que dedicam sua vida a cuidar com amor dos que sofrem com a insanidade. Crianças também chamam a minha atenção e, como não poderia faltar numa escola de Samba, cabrochas bonitas com pouca roupa também participam do evento. Se elas também eram dementes, caro leitor? Não sei. Não perguntei. Mas posso afirmar-lhe que deviam ser. Afinal, porque alguém não pode ser, ao mesmo tempo, louco e sensual?
Procuro entre os desfilantes algum conhecido. Sim, escandalizado leitor, um conhecido! Por que não um conhecido? Depois de trinta e seis anos de labuta em escolas públicas, muitos dos meus colegas perderam o rumo da razão. Não são poucos os que endoidaram com o barulho da fuzarca diária de crianças sem disciplina nem limites, colocadas às centenas por governantes e tecnocratas irresponsáveis dentro dessas máquinas de fazer doidos chamadas “escolas”. Mas não vi nenhum conhecido. Vi uma moça alegre e bonita com cara de professora, muito parecida com uma colega minha, mas que não podia ser minha antiga colega de trabalho, já que, hoje, a dita professora deve ter a minha idade e a moça, com certeza, não passava dos trinta.
Tive uma vontade danada de participar da passeata e só não o fiz por duas razões. A primeira é que estava com roupas muito sérias. Certamente destoaria no meio daquela multidão vestida de forma desarrazoada. Em segundo lugar, não vivo mais nos anos setenta. Naquela época sim, valia a pena ser maluco. Ser maluco era sinônimo de ser inteligente, questionador, vanguardista. Hoje não vale a pena ser doido. Hoje, quem não está de plenas posses das suas faculdades mentais é discriminado, colocado de lado e, se não ficar coelho, pode até perder o emprego e passar fome. Isto sem dizer que, ao menor sinal de insanidade mental, todos os amigos se afastam e esquecem num canto da vida o pobre infeliz que transpôs aquela porta que separa o mundo dos “normais” do mundo da loucura.
Após passar a passeata, fiquei me lembrando dos amigos que se perderam nos labirintos da insanidade mental e, um dia, de forma induzida ou por mero acidente de percurso, se foram desta vida. Lembrei-me do Demétrio. Foi com o pai dele que aprendi o termo “descompensou”, usado para noticiar a ida de alguém para o mundo da demência. “Ele descompensou”, noticiou-me entristecido o progenitor do meu companheiro dos idos de 68. Pois é. Alguns anos depois, ele se foi. Como tantos outros se foram prematuramente em conseqüência do cruel efeito retardado da tensão e da tortura de que foram vítimas nos anos de chumbo.
Fico feliz quando vejo o Brasil vivendo uma democracia, ao mesmo tempo em que a luta antimanicomial ganha as ruas e cresce cada vez mais. Fico feliz em ver desativados os terríveis manicômios onde pessoas doentes eram tratadas como lixo. Que bom que se aboliu a prática de eletrocutar o pobre portador de distúrbio mental! Apesar de, até hoje, manter-se o hábito de dopar e aplicar o conhecido “sossega-leão” nos pacientes em crise nas alas psiquiátricas dos hospitais, não se pode deixar de admitir que progredimos muito no tratamento dispensado aos nossos doentes mentais.
Temos, porém, que tomar muito cuidado. Toda bandeira de luta desperta radicalismos e interpretações equivocadas. Assim, muitos médicos têm devolvido para as suas famílias portadores de demências que acabam deixando de ser tratados. Muitas famílias abandonam seus entes queridos ao Deus dará, negando-lhes qualquer chance de cura ou de controle das doenças que portam. Morando em hotéis, já testemunhei muitas famílias “internarem” seus parentes, abandonando-os num quarto alugado. Já vi um caso de suicídio em que a família “internou’ seu paciente num hotel e ele se jogou para a morte pela janela do seu quarto. Também já fui amigo de uma poetisa paranóica que desenhava divinamente e que se queixava muito de ter sido abandonada pela família.
É muito triste a situação dos doentes mentais que, vítimas do preconceito secular que acomete os seres humanos ditos “lúcidos”, são abandonados por suas famílias e seus amigos. A solidão de um ser humano entre milhares de pessoas é o caminho mais curto para o agravamento da loucura. Por isso, a luta antimanicomial só será vitoriosa quando, desinibida, feliz e alegre como a Escola de Samba Liberdade Ainda Que Tam Tam, desfilar junto com a luta contra o isolamento a que as sociedades humanas, desde a Antiguidade, condenam seus portadores de insanidade mental.

Prêmio Destaque no IV Concurso Rubem Braga de Crônicas promovido pela Academia Cachoeirense de Letras (Cachoeiro de Itapemirim – ES)

domingo, 2 de agosto de 2009

Muito tarde

Muito tarde...
Clevane Pessoa

Como responder ao olhar faminto

do anjo sujo que pede esmolas tão naturalmente ,

habituado à menos-valia?

Como não pensar no olhar de animal ferido

quando escorraçado, qual se fosse sarnento,

portador de vírus letal?

Como conseguir dormir

depois de ver o anjinho escorraçado

ser torturado por um menino maior

somente por não ter logrado

conseguir a esmola pelo que nem o olhou ao ter passado?

Como não adivinhar as asas transparentes

nas omoplatas aparentes

das carnes magras e sujas?...

Às vezes, só depois de ter negado

uma ajuda necessária, por medo,

por negar-se a colaborar com os aliciadores de menores

ou os pais desnaturados,

é que se pode compreender

que o Amor não foi exercitado,

pois devemos amar, 'apesar de' e' não porque!'

A lágrima às vezes teima em molhar

o travesseiro de quem dorme

em lençóis de linho ou seda...

O olhar da criança nos persegue

o sono e um grito sem tamanho,

sufocado na garganta,

irrompe o espaço da madrugada...

Mas então, pode ser tarde:

o pequenino já foi surrado, seviciado ou maltratado

ou talvez tenha mesmo virado

um anjo de verdade ao ser atropelado assassinado...

E você não fez nada.

Nem eles...

Eu também não...

(*)Esse poema foi publicado em alguns websites e antologias, inclusive faz parte da antologia SONATA POÉTICA, da Anomelivros, em Belo Horizonte, que mereceu um prêmio da Academia Feminina Mineira de Letras, segundo fui informada.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Genesis

Gênesis do Admirável Mundo Novo

No primeiro dia, ele disseminou sobre a Terra a repressão e calou as vozes daqueles que queriam melhorar o mundo.
No segundo dia, ele matou milhares dos que ainda ousavam desafiá-lo e anestesiou as mentes de todos que habitavam o planeta com uma invenção diabólica chamada televisão.
No terceiro dia, ele eliminou, de forma seletiva, aqueles poucos que ainda considerava uma ameaça ao seu reino na Terra. Quando anoiteceu, ele aperfeiçoou poderosas máquinas de guerra e disseminou sobre o planeta a cocaína, o crack e outras drogas consideradas úteis para neutralizar e jogar na inutilidade as almas potencialmente capazes de enfrentá-lo.
No quarto dia, ele criou os computadores, a internet com suas salas de bate-papo e os shopping centers, que ajudariam a manter ocupadas as mentes que se recusassem a servir como oficinas do diabo. À tarde, ele criou a globalização, que globalizou tudo na face da Terra, menos, é claro, a riqueza, que ele preferiu não repartir com ninguém.
No quinto dia, ele tirou daqueles que poderiam contestar a sua autoridade, a esperança. Como nenhum homem sobrevive dignamente sem esperança, a vida humana perdeu o valor e as pessoas passaram a matar umas às outras por motivos fúteis ou sem nenhum motivo. Com esse golpe de mestre, ele assegurou o triunfo da morte sobre a vida no planeta Terra.
No sexto dia, ele criou o aquecimento global, para tornar o mundo, agora mais parecido com o inferno, adequado às suas condições de sobrevivência. E ele viu que tudo quanto tinha feito estava de acordo com a sua vontade e achou tudo muito bom.
No sétimo dia, enquanto Deus agonizava em algum ponto do universo, Lúcifer, satisfeito com sua obra, descansou...

Luiz Lyrio




quinta-feira, 16 de julho de 2009

5a Semana do Escritor de Sorocaba

No lançamento do livro NOS IDOS DE 68, durante a 5a
Semana do escritor em Sorocaba, Luiz Lyrio e o escritor
Douglas Lara.

5a SEMANA DO ESCRITOR DE SOROCABA - Eventos como este contribuem para incentivar a leitura e a produção literária no Brasil. Parabéns aos idealizadores e realizadores do evento!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

FALO


FALO
E, raramente, me calo.
Não desisto.
Resisto.

Mas, questiono: vale a pena?
Ou não me traria mais proveito,
mudo, excitresloucar a morena,
ao libertar a língua nas preliminares
para, indócil como um bravio cavalo,
desbravar o úmido caminho para o falo?


Luiz Lyrio